Atravessamos a fronteira pelo Chuí, que é bem sossegado; Diversos brasileiros fazem esse mesmo percurso quase que diariamente. Um erro que cometemos nos países que adentramos foi não ter trocado dinheiro pelo moeda local, ou seja, estávamos sempre apenas com dólar e real, pelo menos no percurso imediatamente após cada fronteira. Isso na entrada da Argentina, por exemplo, nos causou um problema no pedágio, e tivemos que contar com o buzinaço dos carros de trás para que o funcionário liberasse a nossa passagem. No caminho para Punta del Este, paramos em Cabo Polônio - um povoado de praias extensas de vento forte, lar dos lobos-marinhos. Você pára o carro num grande estacionamento e vai de "jardineira" até a praia, por se tratar de uma reserva - vale a pena a parada! Chegamos no nosso destino no final do dia e por lá ficamos por volta de 3 dias, aproveitando tudo o que a cidade oferece de melhor; o cassino 'Conrad', o pôr-do-sol da Casa Pueblo, o monumento Los Dedos, lindas praias e uma excelente infra-estrutura de alimentação, afinal de contas, Punta del Este já foi considerado o balneário mais luxuoso da América do Sul.


Tinha chegado a hora de partir rumo à capital Montevideu, onde faríamos a nossa ceia de ano novo no Hotel 'Radisson', porque estávamos tão cansados que passamos dormindo a virada de ano. A capital, ao contrário do que muita gente imagina, oferece boas praias, segurança e um povo muito simpático; Foi talvez a melhor capital que pudemos conhecer nessa viagem. Foi lá inclusive, mais precisamente no 'II Mondo della Pizza', que degustamos a maior sobremesa de nossas vidas, difícil até pra nós que somos bons de garfo darmos conta do recado. Mesmo assim, 2 dias são suficientes e precisávamos seguir viagem até chegar na charmosa Colonia del Sacramento, tipo uma Paraty uruguaia - uma cidade muito charmosa bem servida de restaurantes, cafeterias, monumentos históricos, ruas arborizadas e belas praias, onde passamos 2 noites. De lá até Buenos Aires você decide se paga uma pequena fortuna por uma balsa que atravessa o canal ou se simplesmente dá a volta e economiza uma boa grana; optamos pela 2ª alternativa rumo à maior cidade da Argentina.
Saímos bem cedinho de Bariloche para chegar na fronteira Cardenal Antonio Samoré com tempo suficiente para perder com toda a burocracia, uma decisão que se mostrou acertada, haja visto que a fila é bem grande, e o processo bem lento; até um cão farejador foi colocado pra revistar nosso carro. Esse percurso inóspito que percorre a Patagônia por lugares desertos é maravilhoso! Chegamos à pitoresca cidade de Puerto Varas no final da tarde e ainda tivemos tempo de apreciar um saxofonista tocando solitário na praça central da cidade, na beira de um grande lago, com o vulcão Osorno ao fundo - um legítimo cartão postal. O sul do Chile é uma região muito chique, bem servido de supermercados, farmácias e restaurantes, e Puerto Varas não foi exceção. Serve de base pra poder conhecer o vulcão Osorno, que está ativo e se assemelha ao Monte Fuji, no Japão - tem um teleférico que sobe quase até o topo, ali dá pra fazer um trekking pra explorar aquela área, apesar do frio intenso, que piora por causa dos fortes ventos. Depois de uns 3 dias dirigimos rumo à Pucón, que serve de base para explorar o vulcão Villarica, que também está ativo e fica situado na Cordilheira dos Andes - inclusive a cabana em que nos hospedamos dava vista para esse lindo vulcão, cuja "fumaça" que expele muda de cor durante a noite, devido a algum fenômeno da natureza.

Após 2 dias partimos rumo à capital do país, sempre dirigindo por estradas excelentes, com infra-estrutura pública e privada para paradas durante todo o caminho - o Chile é realmente perfeito pra quem gosta de uma road trip. Chegamos em Santiago e por lá ficamos apenas 2 dias; Caminhamos pelo centro histórico, pedalamos até o topo do Cerro Santa Lucia e experimentamos a culinária típica da região. A estadia foi curta porque precisávamos ir rumo à Valparaíso, onde nos hospedamos por cerca de 2 dias, e desbravamos juntamente com a praia bem frequentada de água congelante Viña del Mar. Dali partimos muito cedo e dirigimos até La Serena, por onde ficamos 2 dias e pudemos conhecer a grande praia da região. Havia então chegado a hora de partir bem cedo e encarar o dia mais longo de toda a viagem - quase 900km até Antofagasta! O caminho é bem tranquilo, embora muito longo, e depois que você passa a cidade de Copiapó, a estrada vai beirando o mar. Por causa disso fomos "obrigados" a parar numa pequena e isolada praia, de água morna, pra nos refrescar do calor intenso que fazia, chegando ao destino só de noite. No dia seguinte já saímos logo cedo rumo ao destino principal dessa jornada; o Deserto do Atacama. Passamos em Calama no meio do caminho, para comprar comida, e chegamos na pitoresca cidade de San Pedro de Atacama no final da tarde, que serve de base pra explorar as atrações desse incrível deserto que é considerado o mais seco do mundo.
A road trip de 40 dias por 5 países pela América do Sul foi sensacional. Todo o roteiro, os pequenos povoados isolados que visitamos, a notável diferença entre os sotaques e a discreta diferença entre os vira-latas de cada país e claro, as paisagens deslumbrantes e inóspitas do nosso continente, contribuíram para fazer dessa viagem uma jornada memorável. O site OVERLANDERBRASIL divulgou nosso roteiro, assim como divulga diversas viagens de carro ao redor do mundo, para ajudar todos aqueles que desejam se aventurar nessa incrível jornada de descobrimento. Segue o link; América do Sul '40 dias, 5 Países e 13mil Km'
Uruguai - Argentina - Chile - Bolívia - Paraguai
A jornada pela América do Sul teve início imediatamente após o almoço de natal de 2015, com nosso próprio carro, uma RENAULT DUSTER 2.0 AUTOMÁTICA, que ofereceu, além de todo o conforto e segurança necessários para uma quilometragem tão alta, também um grande espaço para comportar as nossas bagagens, com roupas de frio e calor, e ração suficiente para distribuir para todos os cães de rua que encontrássemos pelo caminho. Passamos a noite em Curitiba e partimos logo cedo no dia seguinte rumo à Gramado, evitando assim o trânsito das estradas nessa época do ano. Ficamos uns 2 dias na cidade, desbravando também a vizinha Canela, e descobrimos que existem diversas cachoeiras lindas na região, além da fartura de excelentes opções gastronômicas. Depois dirigimos rumo à Pelotas, apenas para passar a noite, nossa última parada antes de cruzar a fronteira com o Uruguai, e ainda pudemos aproveitar o fim de tarde numa praia da região; A viagem estava apenas começando!
A cidade San Pedro de Atacama já é por si só uma atração; Imagine um deserto gigantesco com uma pequena vila colorida de muros marrons como a terra, exatamente no meio, cercada de vida selvagem, com o imponente vulcão Licancabur ao fundo, nas proximidades da divisa entre o Chile e a Bolívia. Por aqui paisagens surreais e maravilhosas não faltam, verdadeiros cartões postais da realidade local, assim como fauna e flora exóticos e uma atmosfera única, de um povo que se mantém propositalmente isolado dos vícios modernos e danosos do ser humano. Nos hospedamos, durante os 4 dias, numa cabana típica do deserto, de um casal muito simpático, com bastante poeira - normal chegar na vila com o carro de uma cor e depois de alguns dias ele estar com uma pintura de cor ligeiramente diferente da original. O bom de ir de carro, entre outras coisas, é que você pode conhecer todas as atrações turísticas da região longe daquele turismo tradicional, fazendo a sua própria programação. A parte ruim é que você está sujeito a cometer infrações, como por exemplo quando estacionamos em lugar proibido no centrinho da cidade, e graças a uma agente de turismo, que interveio e conversou com os policiais, não fomos multados.

As Lagunas Altiplanicas, lugar formado pelas lindas Laguna Miscanti e Laguna Meñique, é um lugar sensacional, que inspira uma paz e tranquilidade que só um lugar tão isolado poderia proporcionar. Além disso, pudemos conhecer também o Valle de la Luna- com as formações de areia, sal e rochas, esculpidas pela ação do vento e das águas; Os Geysers del Tatio - que jorram vapores d'água com ação mais intensa pela manhã bem cedo, A Laguna de Chaxa - lar dos flamingos que se alimentam de um pequeno crustáceo daqueles lagos; A Laguna Cejar - que de tanto sal na água, permite facilmente uma flutuação do corpo; Os Ojos del Salar - enormes buracos com água no fundo, que permitem mergulhos de quase 3 metros de altura; E, depois do retorno da excursão de 4 dias à Bolívia, as Termas de Puritama - um oásis de águas termais e pequenas cachoeiras com excelente infra-estrutura. No penúltimo dia, juntamente com um casal de cariocas que havíamos conhecido, fechamos um passeio numa agência local que nos levaria até o Salar do Uyuni, através de um veículo com tração nas 4 rodas, e nos traria de volta, após 4 dias, com um roteiro bem feito repleto de atrações imperdíveis.
O Salar do Uyuni é o maior e mais alto deserto de sal do mundo. Até dá pra ir com o próprio carro, não precisa necessariamente ter tração nas 4 rodas, porém tem 2 grandes problemas; A navegação, uma vez que em alguns trechos o motorista dirige por intuição; E a burocracia da documentação exigida pela Bolívia, uma das piores da América do Sul. A expedição pela agência nos pareceu o mais seguro, e deixamos o carro estacionado na cabana em que nos hospedamos, num espaço gentilmente cedido pelos proprietários. O TOUR de 4 dias (incluindo a volta) é bem organizado, mas também bem cansativo; acordamos muito cedo todos os dias, não nos alimentamos direito e não dormimos em lugares que poderiam ser chamado de "confortáveis" - mas vale cada centavo! É uma viagem extraordinária, que alcança lugares ainda intocados, totalmente isolados e afastados da ação do ser humano. Saímos bem cedo num micro ônibus para cruzar a fronteira antes de embarcar na LAND ROVER; Nesse dia já visitamos as belíssimas Laguna Blanca e Laguna Verde - cartões postais da região; O surreal Deserto de Dalí - que leva esse nome por causa de suas formações rochosas que se assemelham às paisagens dos quadros do pintor; As águas termais de Polques; Os Geysers Sol de Mañana; E no final do dia chegamos à fantástica Laguna Colorada - um dos lugares mais incríveis do mundo, onde passaríamos a noite. Nesse ponto da viagem muitas pessoas passam mal devido à altitude, mas no nosso caso tivemos apenas insônia.
No dia seguinte passamos por lugares como Árbol de Piedra, Desierto Siloli, Lagunas Altiplánicas, Honda, Salar de Chiguana, para chegarmos no fim da tarde no hotel de sal 'Tambo Loma' - um hotel diferente, feito de sal, que serviria de abrigo para descansarmos até o dia seguinte. Nesse último dia da aventura, degustamos um café-da-manhã isolados em algum lugar do Salar do Uyuni, com o nascer do sol ao fundo, e aproveitamos pra bater diversas fotos em perspectiva. Em seguida, partirmos rumo à impressionante Isla Incahuasi - uma das 33 ilhas da região, que abriga sua própria fauna e flora; O Museu de Sal; A feira de artesanato do vilarejo de Colchani; E o Cemitério de Trens - um cenário fantástico, no meio do nada, cheio de histórias e mistérios. Passamos a última noite numa pequena acomodação e no dia seguinte chegamos de volta à San Pedro de Atacama no início da tarde, ainda com tempo para curtir um último banho termal, antes de partir bem cedo no dia seguinte rumo à Salta, umas das cidades mais importantes do noroeste da Argentina.
Cruzamos a fronteira Jama sem qualquer tipo de problema e dirigimos rumo à Salta, com direito a uma rápida parada numa espécie de "feirinha" de artesanato local à beira da rodovia no alto de uma montanha, com os moradores de vilarejos próximos comercializando pedras esculpidas. Paramos também no deserto de sal da Argentina, chamado Salinas Grandes, e no minúsculo e colorido vilarejo de Purmamarca, onde pudemos admirar o artesanato local, as lhamas enfeitadas com suas donas e o Cierro de las Siete Cores. Essa parte da viagem foi uma das mais interessantes - após passar pela imigração de San Pedro de Atacama, você dirige por vários quilômetros, passando por paisagens belíssimas, lugares totalmente desertos onde os passeios não chegam justamente por conta da burocracia alfandegária, numa espécie de terra de ninguém, até chegar à imigração da Argentina. Na passagem, vimos vários turistas recebendo oxigênio numa salinha, por causa da altitude que ultrapassa os 4 mil metros, mas estávamos bem tranquilos, devido à climatização natural que fizemos durante os dias na Bolívia. Chegamos de noite em Salta, após dar carona à uma mulher que havia nos parado, juntamente com o marido, desesperados no meio de uma estrada sinuosa rodeada de vegetação abundante. A cidade é bastante conhecida pelo artesanato local, com diversos mercados e "feirinhas" e não mais do que 2 dias são suficientes.
Chegava então a hora de partir bem cedo rumo à Resistência, nossa última parada pra dormir antes de cruzar a fronteira com o Paraguai, no 2º maior percurso de toda a viagem, de pouco mais de 800km; Fomos parados num posto policial porque, segundo eles alegaram, o Felipe não estava com o farol ligado, mas depois de um pouco de conversa nos deixaram seguir viagem, sem necessidade de propina. Chegamos em Assunção, após cruzar tranquilamente a fronteira, e por lá ficamos apenas 2 dias, antes de partir rumo à Foz do Iguaçu, com direito a uma breve visita ao comércio bagunçado e sujo de Cidade do Leste. As Cataratas do Iguaçu são formadas por quase 300 quedas d'água que realmente impressionam pela sua grandeza; ainda mais quando se vai de barco bem pertinho delas. Você paga um pouco mais caro por esse tipo de passeio, mas vale a pena! É a principal atração da região, e havia chegado a hora de partir rumo ao nosso último destino antes de voltar pra casa; Londrina, com direito a uma rápida parada pra conhecer o comércio de roupas de Cascavel.
Um pouco depois de cruzarmos a fronteira vimos um carro capotar incrivelmente pelo menos umas 5 vezes antes de sair da estrada, sem atingir nenhum outro veículo, a poucos metros de nós. Os limites de velocidade da Argentina são muito altos e as pessoas dirigem como se não houvesse o amanhã; De qualquer forma chegamos vivos à Buenos Aires! A cidade tem bastante atração turística; caminhar pelos bairros de Puerto Madero e La Recoleta, folhear livros na 'El Ateneo Grand Splendid', almoçar em algum restaurante na rua Caminito, em La Boca. Além disso, tem a lendária cafeteria 'Tortoni', que infelizmente vive lotada. Quando tentamos visita-la, tinha uma fila apenas para entrar e visitar, sem poder degustar um café; Resolvemos atravessar a rua e tomamos um expresso em outra cafeteria igualmente gostosa. Depois de quase 3 dias partimos rumo à Bariloche com paradas pra dormir em 2 lugares diferentes; Santa Rosa - uma cidade com boa infra-estrutura, inclusive um cassino e General Roca - uma opção mais barata que a vizinha Neuquén. Atravessamos toda a Patagônia, passando por gigantescos campos de girassol, e a cada parada em que encontrávamos algum cão passando fome, a Roberta fazia questão de alimenta-lo; Enfim chegamos em Bariloche, uma cidade realmente encantadora rodeada de lagos e montanhas, com a Cordilheira dos Andes ao fundo. Além de comer bastante chocolate, também remamos de caiaque pela região, com direito a trekking até uma praia deserta de água doce, subimos de teleférico no Cerro Campanario e admiramos a paisagem do famoso lago Nahuel Huapi. Só o simples fato de dirigir pela região, parando pra degustar um café em qualquer um dos excelentes pontos de parada pelo caminho, já é um passeio fantástico. Algo em torno de 3 dias, ou talvez um pouco mais, já é suficiente pra desbravar a região; Tinha chegado a hora de partir rumo ao Chile!